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Aneurismas cerebrais: prevenção, diagnóstico e tratamento

Neurocirurgião alerta para a questão de saúde pública, pois pode causar uma emergência médica grave com alta taxa de mortalidade.

Os aneurismas cerebrais são uma importante questão de saúde em todo o mundo, afetando de 3,2% da população sem comorbidades. Eles se caracterizam por dilatações ou lobulações nas paredes das artérias intracranianas, e a maioria deles não apresenta sintomas até que ocorra a ruptura e o sangramento, momento em que se manifestam pela hemorragia subaracnoide (HSA), uma emergência médica grave.

Diante desse cenário, a prevenção e o diagnóstico precoces são fundamentais, pois um tratamento eficaz pode evitar complicações graves, como sequelas ou mesmo a morte. Nesse sentido, é importante conhecer os fatores de risco, os sinais de alerta e as opções de tratamento disponíveis.

Para o neurocirurgião Marcelo Chioato, da Rede Mater Dei Santa Genoveva, como a taxa de mortalidade é muito alta, chegando a 50%, é muito importante que a população seja esclarecida sobre a doença. “Lembramos de casos emblemáticos que comoveram os brasileiros, como quando aconteceu com o ator que dava vida ao Louro José, que faleceu sem chance de tratamento”, recorda o médico.

Fatores de risco e prevenção

Embora seja raro que um aneurisma cerebral seja congênito, algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para desenvolvê-lo. No entanto, a maior parte dos casos ocorre por conta de pressão alta sem tratamento, que pode enfraquecer a parede dos vasos. Outros fatores de risco incluem o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e drogas ilícitas, além do envelhecimento. “É importante lembrar que a prevenção é a melhor forma de evitar complicações graves. Para isso, é fundamental manter uma alimentação saudável, controlar o peso, praticar exercícios físicos regularmente, controlar a pressão arterial, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool e drogas”, recomenda o Chioato.

Sinais de alerta e diagnóstico

Como mencionado, a maioria dos aneurismas cerebrais não apresenta sintomas, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais importante. No entanto, em alguns casos, pode haver dores de cabeça intensas e repentinas, náuseas e vômitos, visão dupla ou embaçada, fotofobia, rigidez na nuca e perda de consciência. “Claro que o paciente não vai correr para o hospital a cada enxaqueca. A dor é muito específica, a pior que a pessoa já sentiu, totalmente fora dos padrões. Aí sim tem que procurar atendimento hospitalar de urgência”, diz o médico.

Chioato reforça que o trabalho da equipe médica ao receber o paciente no hospital é o que faz toda diferença no sucesso do tratamento. “Os profissionais têm que estar preparados para fazer o diagnóstico e encaminhar o paciente a exames mais complexos, como a tomografia, e interná-lo na UTI para tomar as providências. Essa é a virada de jogo que definir a recuperação do paciente”, explica. “Por isso a importância de uma boa equipe, como a que trabalhamos no Santa Genoveva”.

O diagnóstico de aneurisma cerebral é feito por meio de exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e angiografia cerebral. Esta última é considerada o exame padrão-ouro para o diagnóstico de aneurismas cerebrais, pois permite uma visualização detalhada dos vasos sanguíneos do cérebro.

Tratamento

O tratamento do aneurisma cerebral depende de vários fatores, como tamanho, localização, forma, idade e saúde geral do paciente. O objetivo é excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando, assim, a HSA.

Existem dois tipos principais de tratamento: o tratamento endovascular e o tratamento cirúrgico. O tratamento endovascular envolve a colocação de um stent (tubo metálico) dentro do aneurisma para interromper o fluxo sanguíneo e prevenir a ruptura. Esse tipo de tratamento é realizado por meio de um cateter que é inserido em uma artéria na virilha e navegado até o aneurisma, onde implanta-se o stent. Essa modalidade é menos invasiva porém ainda é pouco acessível e não está disponível no Sistema Único de Saúde ou possui cobertura de convênios médicos.

O tratamento mais clássico, criado na década de 70 e que vem evoluindo muito bem até hoje, é a microcirurgia. É muito efetiva porque é feito um clampeamento do aneurisma por fora, preservando a artéria, então o paciente realmente fica curado. “Quando feita nos grandes centros com equipe qualificada e cirurgiões experientes, como ocorre em nosso hospital, a cirurgia tem alto índice de sucesso”, explica o Dr. Chioato

Em geral, o paciente estará recuperado após 21 dias da cirurgia. E recomenda-se uma consulta pós-cirúrgica decorridos 6 meses do procedimento. O aneurisma pode deixar sequelas, que variam de acordo com o grau da hemorragia. Em graus mais leves, de 1 a 3, podem não haver sequelas, ou hemi paralisia, algum comprometimento cognitivo etc. Nos graus 4 e 5, as sequelas se agravam, podendo chegar ao óbito.

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